Dança Oriental


رقص شرقي
“Quando Dançamos entramos numa espiral infinita, de mãos dadas com outras
passadas, presentes e futuras. É uma forma secreta de imortalidade, de continuação”.



A dança oriental é uma arte milenar que exprime o feminino. As suas origens situa-se nos antigos reinos da região da Mesopotamia, Pérsia, Antigo Egipto, vale do Indo tendo depois sido levada para outras regiões por populações nómadas. Após a invasão árabe no Egipto e a tornou-se popular em todo o Médio Oriente e Norte de África onde se misturou com as danças locais.


Os registos mais antigos têm cerca de 7000 anos de idade mas acredita-se que as suas oriens remontam ao periodo Neolitico e ás sociedades matriacais que praticavam o culto da Deusa Terra ou Grande Mãe. Dai ser exclusivamente uma dança feminina.
Foi dada a conhecer ao mundo ocidental pelas invasões napoleonicas durante as quais os soldados se encantaram com os movimentos ondulatórios que se percebiam por baixo das djalabas ( livres de espartilhos) ao que chamaram “la Danse du Ventre”. A designação foi rápidamente adoptada no ocidente.
Trata-se designação bastante limitativa uma vez que é uma dança que envolve todas as partes do corpo e que dá, inclusivamente, mais ênfase ao movimento das ancas do que propriamente ao do ventre .
Assim, a partir da segunda metade do século XIX, pelos Estados Unidos e Europa, surgiu um grande interesse por tudo o que era exótico e proveniente do Oriente, podendo mesmo afirmar-se que surgiu uma nova moda – o Orientalismo, que se manifestou não só na literatura e pintura como na música e na dança. (A descoberta do tumulo do faraó Tutankamom contribui muito para este boom!)
Realizaram-se diversas Feiras Mundiais, nos Estados Unidos e Europa para onde foram trazidas bailarinas, muitas ficaram a residir no ocidente contribuido para a divulgação da dança.

O Ocidente criou desde essa altura diversos estereótipos relativamente à Dança Oriental que vão desde o romântico, misterioso e sensual ao provocador e pecaminoso. Para estas ideias muito contribuíram os filmes de Hollywood da década de 40 onde a bailarina oriental é apresentada apenas no papel de sedutora. No entanto trata-se de uma dança que exalta tanto o corpo como o espírito feminino.

Aprendizagem:

É uma dança que requer grande perícia, treino e sensibilidade por quem a pratica no Ocidente, uma vez que os movimentos utilizados não são comuns nos hábitos tradicionais ocidentais. Não se pode aprender por imitação pois trata-se de algo que provem de outra cultura. Assim há técnicas especificas que devem ser estudadas com professores específicos.

Baseia-se na consciência corporal e na utilização de grupos musculares específicos que habitualmente não são usados no nosso dia a dia. Um bom exemplo disso é o treino dos músculos intra-costais. Assim a aprendizagem é um processo algo lento mas que permite tornar o corpo mais saudável e os movimentos mais fluidos. Ondulações, batidas, vibrações, pausas e expressão são as parte do todo que á a Dança Oriental.
Quando o treino é bem sucedido os movimentos surgem do interior para o exterior do corpo e ai a bailarina começa a revelar-se, mantendo a sua identidade tornando-se mais feliz e segura.

Essencial é também o domínio de técnicas respiratórias, o estudo de ritmos árabes e de vestuário e adereços próprio para cada estilo.

Estudos coreográficos, educação auditiva, estudo de técnicas de palco, estudo de expressão corporal e técnicas de estrutura física ( cada-corpo-é-um-corpo: posturas ideais para cada uma e cuidados gerais para evitar e corrigir lesões) são essenciais para quem pretende ensinar, bem assim como treino constante e alguma cultura geral.

Estilos:

A dança Oriental divide-se e subdivide-se em estilos conforme as regiões de onde são originárias e as influências assimiladas. Os movimentos são basicamente os mesmos mas executados de forma algo diferentes conforme as ocasiões, as regiões e as influencias.

Assim temos em termos muito gerais o Raqs Al-Sharqi (Dança Oriental), e que hoje se sub-divide em a dança oriental clássica ( mais palaciana ou no caso da actualidade de palco) seguido dos estilos\ritmos folcloricos Baladi ( “a minha Terra”) e o Saidi. O ritmo Saidi tornou-se muito conhecido também por acompanhar ao Raks Al Assaya ou Dança do bastão.( dança muito graciosa onde as mulheres imitam a Tahteeb uma arte marcial masculina praticada com bastões mais grossos.

Algumas correntes consideram que os ritmos folcloricos e o Raqs al-Sharqi têm identidades diferentes mas no entanto provem da mesma raiz. Tiveram certamente evoluções diferentes. Um nos templos e em festas de pessoas abastadas e os outros nas casa, ruas e mercados. Também as danças do Magreb têm hoje grande
representação nas apresentações de Dança Oriental.

Há que fazer aqui uma referência ás Ghawazee (no singular Guawzia), bailarinas de origem cigana que vieram da India para o Egipto pela Pérsia e contribuíram para o desenvolvimento dos ritmos folclóricos.

Ao contrário das Ghawazee que dançavam na rua e em pátios abertos, as “Awalim” (no singular Almeh), não eram ciganas e estavam autorizadas a dançar nas festas de pessoas mais abastadas. As Awalim não só dançavam como cantavam e tocavam instrumentos musicais.

A partir de 1930 surgiu um outro tipo de bailarina que não era nem Ghawazee nem Awalim. Uma bailarina siría, chamada Badia Mansabny abriu um clube nocturno no Cairo ao estilo europeu chamado “Casino Badia”, o qual proporcionava espectáculos de entretenimento de estilo árabe/egipcío. Um grande número deste tipo de bailarinas foi contratado para dançar no corpo de baile e as melhores podiam fazer performances a solo.
A este estilo passou-se a chamar egípcio moderno que, com as influencias de ritmos e estilos ocidentais ,se subdividiu em pop egípcio e clássico egípcio.

Nos anos 30 Jamila Salimpour uma bailarina que pertencia ao Ringling Brothers Circus o que lhe dava contacto com um grande numero de bailarinas de diversas culturas, desenvolveu um estilo a que se convencionou chamar Fusão tribal.
A Fusão Tribal é uma variação mais livre da dança oriental convencional, que une estilos e influências étnicas e temporais de várias regiões do mundo tanto em termos de escolha musical com em influências de vestuário. Tem no entanto técnicas próprias e a própria escolha dos adereços obedecem a determinados princípios.
Fusão Cigana Trata-se de uma verdadeira mescla de tradições desenvolvida pelos povos nómadas. Na sua prática sente-se surgir da subtileza do movimento oriental a objetividade do movimento “que vai direto ao assunto”. Transforma a suavidade em força mas uma força que tem em si a delicadeza do feminino.

As informações que hoje dispomos sobre a Dança Oriental devem-se aos estudos de Mahmoud Redha

Nascido em 18 de março de 1930 no Cairo, Mahmoud Redha é um pioneiro da dança teatral no Egipto. Desde jovem treinou como um ginasta e representou o Egippto em eventos internacionais. De 1982 a 1990 foi Segundo Secretário do Estado no Ministério da Cultura. É considerado um herói nacional. Foi um estudioso de todos os estilos de dança egipcios e quis mostrá-los ao mundo na sua forma correcta criando uma companhia de dança que depois se espalhou pelo ocidente, sob a forma de diversas escolas onde procura formar bailarinas de forma correcta.


Um exemplo da influência do Ocidente na Dança Oriental

Meleah Laff ( pano enrolado)

Esta foi uma dança que surgiu nos anos 20 , decada cujas posturas liberais até
contagiaram paise arabes como o Egipt. No entanto trata-se de algo que apenas se desenvolveu
junto ás grandes cidades do Cairo e de Alexandria.

Básicamente parece ter tido inicio no costume que algumas raparigas e mulheres desenvolveram
de ir passear com as amigas para os grandes mercados ou até aos cafés e grandes esplanadas
dos hotéis do Cairo e Alexandria que nesse tempo floresciam e traziam muitos ocidentais ao Egipto
em busca do exótico e da aventura.

No entanto para sair de casa, das suas aldeias nos arredores as mulheres cobriam-se
com o tradicional pano preto, ( maleah)usavam o tradicional lenço das camponesas com pompons
ou flores e até um leve chandor ( mascara). Por baixo traziam no entanto um vestido colorido e
curto. Depois tiravam a meleah e transportavam-na com elas, utilizando-a para dançar.

É uma dança alegre e sedutora e nalqumas representações vai-se ao extremo de por a bailarina
a fumar cachimbo de água ou até com pastilha elástica( representando o que essas raparigas
egipcias copiavam nas liberais estrangeiras, sobretudo americanas e inglesas que viam chegar
para férias no Egipto)!.Também é frequente ver a bailarina de meleah laff de sapatos altos
(que depois tira durante a dança, demonstrado assim que os movimentos que faz são
para ser feitos de pés descalços.
Foi uma moda que durou pouco mas marcou muito e no final dos anos 50 o coreografo
egipcio Mahmoud Redha inspirou-se nesta tradição urbana e touxe-a para os palcos.

Adereços (principais)

O véu, é como uma extensão da bailarina, de seus braços, proporcionando um ar de mistério, leveza e encanto. Representa a alma da bailarina. A dança com véu pode variar de acordo com a intenção e criatividade da bailarina: pode-se dançar com um único véu ou mais.
O bastão, dança muito graciosa onde as mulheres imitam a Tahteeb uma arte marcial masculina praticada com bastões mais grossos. Deve ser usado um ritmo folclorico como o Saidi.
Os sagats, são pequenos discos de metal, usados um par em cada mão podem ser tocados pela própria bailarina enquanto dança. Neste caso, requer grande habilidade da bailarina, que deve dançar e tocar ao mesmo tempo.
As velas, usadas em danças apresentadas em festas, aniversários e casamentos egípcios, representando luz, vida e prosperidade. Criando uma atmosfera misteriosa e simbolizam a eliminação das cargas negativas e a iluminação do caminho. As velas podem ser apresentadas dentro de taças, bandejas redondas ou até num candelabro (Raqs al Chamadam )se coloca na cabeça ( este ultimo caso geralmente só é usado nos casamentos ).
A espada, dança com várias versões para sua origem. A primeira seria que esta dança servia para homenagear a deusa Neit, deusa da guerra, que destruía os inimigos e abria os caminhos.
As asas de Ísis, tem a sua origem na dança executada pelas sacerdotisas da Deusa Isis nos seus templos.
O cântaro, dança de cariz folclórico que descreve a ida ao Nilo buscar água, numa alegoria á vida pois a água é a fonte da vida.


Ritmos e Instrumentos (principais)

Snujs ou sagats – pequenos discos de metal de metal utilizadas, no passado, para espantar os maus espíritos, ( as moedas, chocalhos, buzios e contas colocadas em redor da anca da bailarina ou presas ao vestuários tinham a mesma função)equivalentes menores eram colocados nas cinturas das sacerdotisas com o mesmo objetivo ritual.

Alaúde (u’de) instrumento de cordas (que deu origem aos violinas, violas e guitarras)

Kanoon - Descende da antiga harpa egípcia, o Kanoon corresponde a um tripé de madeira com cordas

Derbouck ou Tabla egipcia -É um instrumento de percusão largamente utilizado em todo o mundo árabe, muitas vezes a bailarina é acompanhada apesnas por este instrumento dando origem a momentos emblemáticos a que se chamam Drum Solos

Riq - O pandeiro usado como acompanhamento e muitas vezes utilizado pela própria bailarina enquanto dança (muito usado pelas Ghawazee)

Daff – instrumento semelhante ao pandeiro mas geralmente maior e sem as soalhas metálicas. O seu som é profundo e acompanha geralmente oa Tabla egipcia

Flauta Ney –de sons ricos e respirados é conhecida por ser a flauta dos encantadores de serpente


A bailarina é mais um elemento da musica

É preciso dançar com a musica. Mesmo numa coreografia os movimentos da bailarina têm que respeitar os tempos/momentos da musica.
Mas o que compõe a musica?

Ritmo - é o que define a musica e é composto por um conjunto de sons que se conjugam e repetem

Melodia - é o resultado da execução do ritmo, criando frases musicais, introduzindo pausas, subidas, descidas e prolongamento de tons

Harmonia - depende da cominação dos 2 anteriores e também do ouvido/gosto de quem escuta (por isso temos gostos musicais diferentes)

Emoção - não basta saber a técnica, o executante tem que por emoção naquilo que toca, sentir os sons, senão algo soará a falso ou insignificante aos ouvidos de quem escuta

E agora resta á bailarina interpretar a musica sendo ela própria ritmada, melodiosa, harmoniosa e emotiva.
Nunca falha!

( 0s 7principais) Ritmos ( para percurssão)

Baladi DD-TKT-D-TKT-TK

Maqsoum DD-KD-K

Chifftetelli D-KT-KT-DD-T

Saidi DT-DD-T

Masmoudi DD-T-D-TT

Zaar D-K-D-T

Fallaih DK-KD-K

Na derbouk:
Dum - mão direita
Tek - mão direita
Ka – mão esquerda


A Dança Oriental é praticada por mulheres de todas as idades embora no Egipto se considere que as bailarinas só atingem maturidade na Dança após os 40 anos.

É uma forma de elevar corpo e espírito e de viver mais feliz.
Ajuda a manter a boa forma fisica sendo uma forma muito benefica de tonificar o corpo, ajudando os musculos a ficarem firmes e o sistema circulatório mais saudável. E sobretudo faz bem à alma!






Horário:
2ª feira às 19h